MODERNISMO - PARA ENTENDER NOSSA ARTE, DA PALAVRA AO PRÉDIO
Por: Simone Spiess Bernardi, professora de Língua Portuguesa e Literatura Brasileira.
MODERNISMO
INTRODUÇÃO
O Modernismo foi a mais radical ruptura com o passado na história da arte. A rebeldia modernista era tal que o movimento atacou a própria modernidade, ao mesmo tempo em que se sentia muito entusiasmado pelos tempos modernos. A energia criativa do Modernismo, que se estendeu do final do século 19 até os anos 60 no século 20, gerou um dos períodos culturais mais ricos da história. Foram tempos em que as artes vivenciaram um experimentalismo nunca antes visto e em que se buscou incessantemente uma total liberdade de expressão.
Tudo começou quando as principais características da modernidade passaram a ter um significativo impacto cultural. Na segunda metade do século 19, a Revolução Industrial já havia provocado uma transformação radical com as fábricas, as máquinas automatizadas, as ferrovias e a vertiginosa expansão dos centros urbanos. A vida cotidiana começava a sofrer o impacto dos novos recursos de comunicação, graças às invenções do telégrafo, do telefone e do rádio. Politicamente, havia o fortalecimento dos Estados nacionais, a formação de poderosas burocracias governamentais e os movimentos sociais de massa. O racionalismo e uma cultura secular ganhavam terreno rapidamente frente à religiosidade e à união Igreja-Estado. Além disso, os valores relacionados ao individualismo e ao capitalismo se consolidavam, mas também eram contestados pelas idéias socialistas. Foi nesse agitado ambiente que o movimento modernista surgiu e manteve-se em evidência.
Uma nova mentalidade emergiu nesse período. Diante de novos conhecimentos, possibilidades e percepções do mundo, o ser humano teve de encarar uma vida muito mais complexa e contraditória do que a de seus ancestrais. O efêmero, o gosto pelo novo e a renovação constante passaram a fazer parte da rotina das pessoas. Para expressar e responder aos anseios e às angústias dessa nova etapa da modernidade, a arte respondeu com experimentações radicais principalmente na literatura, nas artes visuais, na arquitetura, no teatro, na dança e na música.
Entre os modernistas, existiam os que viam a modernidade com um extremado e acrítico entusiasmo, como os futuristas com sua exaltação da tecnologia, numa época em que o homem se extasiava com o surgimento do avião, dos transatlânticos e do automóvel. Existiam também aqueles que se rebelaram contra alguns dos valores modernos apesar de neles se inspirarem, como os dadaístas, com sua ênfase num aparente irracionalismo e no niilismo.
A modernidade dos séculos 19 e 20 foi um período de grandes transformações econômicas, sociais e culturais no Ocidente. Foi a época em que mais rapidamente avançaram e prevaleceram as idéias otimistas do Iluminismo, de uma sociedade baseada na razão, na ciência, na busca da verdade, no humanismo, na democracia liberal, no individualismo e na liberdade. Mas foi também o momento em que o homem protagonizou o terror e a barbárie das duas grandes guerras mundiais. E a principal expressão cultural desse momento histórico foi o Modernismo. Com suas vanguardas e fragmentados movimentos artísticos, desde o Expressionismo nas artes plásticas até o Concretismo na poesia, o Modernismo refletiu amplamente as contradições e a vitalidade da modernidade.
Nas páginas a seguir descubra como o movimento modernista se manifestou nas principais expressões artísticas, como a literatura, as artes plásticas, o teatro, a música e a arquitetura.
MODERNISMO NAS ARTES PLÁSTICAS E NA ARQUITETURA
O Modernismo revolucionou as artes visuais e a arquitetura. Em vez de retratar eventos e personagens históricos, o que importava era o cotidiano da vida contemporânea. No lugar de obras que reproduzissem a natureza ou o mundo como eram vistos, o objetivo era mostrar nas pinturas e esculturas como o artista percebia a realidade dentro da mais pura abstração. No lugar das construções ornamentadas que reciclavam o passado, surge uma arquitetura aerodinâmica e despojada, inspirada nas máquinas e inventora dos arranhas-céus. A tradição e todas as suas regras e convenções foram atacadas pelos artistas modernistas, que proclamaram que qualquer tema e forma eram válidos.
O Modernismo nas artes plásticas começou a nascer com o Impressionismo. Movimento que surge na França na segunda metade do século 19, ele foi o primeiro a romper com a arte acadêmica. A idéia era apresentar a percepção sensorial ou a “impressão” que o artista tinha da realidade. Pintores como Edouard Manet, Claude Monet, Edgar Degas e Pierre-Auguste Renoir foram expoentes desse movimento. Enquanto o Impressionismo agitava o mundo das artes com sua nova concepção de luz e cor, o mundo da escultura descobria a genial modernidade de Auguste Rodin. Contra os padrões rígidos neoclássicos, Rodin produziu esculturas que revelavam sua percepção e seu sentimento, como ao distorcer a anatomia de algumas personalidades retratadas.
A partir do Impressionismo, o universo das artes visuais viveu uma sucessão de movimentos fragmentados que rompiam de forma cada vez mais radical com os padrões anteriores. Foi assim com o Expressionismo, que mostrava as emoções extremas do ser humano, como no quadro “O Grito”, do pintor norueguês Edvard Munch, e com o Simbolismo e seu mundo de fantasias e fantasmas. Mas é com o surgimento das vanguardas artísticas no começo do século 20 que o Modernismo explodiu em criatividade e radicalismos. Elas romperam com todos os traços de tradição que restavam. Com as vanguardas vieram principalmente o Fovismo, com suas cores vibrantes e totalmente distorcidas da realidade, o Futurismo e sua exaltação à velocidade e à vida moderna, o Cubismo, com suas formas angulares ou curvas espalhadas pela tela, o Dadaísmo, com seu nonsense escandalizador, e o Surrealismo, filho direto do dadaísmo que acrescentou alucinações e o inconsciente às artes plásticas.
MODERNISMO NA LITERATURA E EM OUTRAS ARTES
A revolução modernista na literatura começou a ser semeada entre 1855 e 1857 quando Walt Whitman laçou “Folhas da Relva”, nos Estados Unidos, e Charles Baudelaire publicou “Flores do Mal”, na Europa. Dos dois lados do atlântico, a vida e os valores da modernidade viravam poesia. Cerca de meio século depois, com os lançamentos de “O Caminho de Swann”, de Marcel Proust, “Filhos e Amantes”, de D.H. Lawrence, “Os Dublinenses”, de James Joyce, “Manifesto Vorticista”, de Ezra Pound, e “Morte em Veneza”, de Thomas Mann, consolidava-se a estética modernista na literatura.
O individualismo exacerbado, a fascinação pela vida moderna e urbana e pela tecnologia, os temas cotidianos e da cultura popular, uma linguagem inventiva, o que incluiu a incorporação da fala coloquial, dos versos livres e da ruptura com os cânones literários, e narrativas fragmentadas e descontínuas foram algumas das principais inovações que o Modernismo trouxe para a literatura.
A primeira metade do século 20 assistiu a um verdadeiro florescimento literário modernista. Autores como Virginia Woolf (“Orlando”, 1928), T. S. Eliot (“The Waste Land”, 1922), William Faulkner (“O Som e a Fúria”, 1929), Ernest Hemingway (“Por Quem os Sinos Dobram, 1940), Franz Kafka (“A Metamorfose”, 1915) foram alguns dos expoentes do período. No Brasil, um componente nacionalista deu uma particularidade a mais no modernismo na literatura. A partir dos manifestos da Poesia Pau-Brasil, Antropofágico e Verde-Amarelismo procurou-se trazer as novidades da vanguarda da arte internacional e incluir elementos nacionais. Mário de Andrade (“Macunaíma”, 1928), Oswald de Andrade (“Pau Brasil”, 1925), Manuel Bandeira (“Libertinagem”, 1930), Érico Veríssimo (“O Tempo e o Vento”, 1949-1962), Graciliano Ramos (“Vidas Secas”, 1938) e Raquel de Queiroz (“O Quinze”, 1930) foram alguns dos autores que se destacaram no modernismo literário brasileiro.
A literatura modernista nasceu subversiva e impulsionada por vanguardas artísticas que lançaram vários manifestos. Um dos primeiros foi o manifesto Futurista, escrito pelo poeta italiano Filippo Marinetti e publicado em 1909. Coragem, audácia e revolta deveriam ser os elementos essenciais da poesia futurista e seus seguidores devotariam o amor à velocidade, ao perigo, à pátria e à guerra. O futurismo identificou-se nas décadas seguintes com o fascismo. Em 1916, para protestar contra a loucura da Primeira Guerra Mundial, um grupo de artistas refugiados em Zurique (Suiça) lança o manifesto Dadá, um dos mais importantes do Modernismo, que daria origem ao Dadaísmo, um movimento contra tudo. Versos nonsense declamados em várias línguas, obscenos e agressivos eram um das formas do Dadaísmo escandalizar e denunciar um mundo sem sentido. Em 1924, o escritor francês André Breton lançou o manifesto Surrealista, um dos mais famosos do movimento modernista. Nele propunha uma arte feita a partir do inconsciente, que escapasse ao controle da consciência, e que possibilitasse uma livre associação entre os sonhos, as alucinações e a realidade.
A revolução modernista também chegou às outras artes. No cinema, “Cidadão Kane”, dirigido por Orson Welles e lançado em 1941, é um dos melhores exemplos da estética modernista na sétima arte. Além das inovações na narrativa, o filme trouxe várias transformações tecnológicas e estilísticas, como os planos nada convencionais para a época – com tomadas de baixo para cima, imagens distorcidas, focos diferenciados e efeitos de profundidade –, além de uma inusitada iluminação. No teatro, as peças de Luigi Pirandello (“Seis Personagens à Procura de um Autor”, 1921) e de Samuel Beckett (“Esperando Godot”, 1952) mudaram os rumos da dramaturgia. Na dança, as primeiras décadas do século 20 trouxeram uma transformação radical. Os trabalhos do russo Vaslav Nijinsky e da norte-americana Isadora Duncan deram novos padrões ao balé clássico.
A Semana de Arte Moderna de 1922
Logo ao entrar no saguão do Teatro Municipal de São Paulo era possível ver uma exposição de obras estranhas, modernas e exóticas. Seus autores eram novos nomes nas artes plásticas nacionais, como Anita Malfatti, Di Cavalcanti, Vicente do Rego Monteiro e Victor Brecheret. Após atravessar o saguão e entrar na platéia, o público poderia assistir a uma conferência de Graça Aranha, prestigiado escritor e diplomata, recém-chegado da Europa. O tema era “A Emoção
Era o ano do Centenário da Independência do país. Nesse clima tão propício, um grupo de artistas e intelectuais, patrocinados por ricos fazendeiros e comerciantes de café, ocupou o Teatro Municipal de São Paulo para mostrar sua nova e moderna arte. A cidade, que viu sua população crescer dez vezes entre 1890 e 1920 e vivia um processo de urbanização e modernização frenético para os padrões da época, tinha a atmosfera certa para abrigar os modernistas. Mas mesmo assim, ela assistiu estupefata, nos dias 13, 15 e 17 de fevereiro de 1922, às apresentações de poesia, música, dança, artes plásticas, discursos e conferências. A elite paulistana reagiu na maior parte das apresentações com vaias e insultos, provavelmente de acordo com a expectativa dos modernistas, que pretendiam escandalizar com suas idéias e performances.
A Semana de Arte Moderna de 1922 foi o ponto alto de uma movimentação de jovens artistas e intelectuais contra o academicismo que tomava conta das artes brasileiras. Desde uma década antes as influências das vanguardas européias repercutiam no Brasil, como nas exposições expressionistas de Lasar Segal, em 1913, e de Anita Malfatti, em 1914 e 1917, ou nos versos livres da obra “Carnaval”, de Manuel Bandeira, lançada em 1919. Mas é somente a partir de toda a movimentação em torno da Semana de Arte Moderna que o Modernismo ganha um marco definitivo, ainda que tardiamente, no Brasil.
Com ela procurou-se consolidar e tornar pública a proposta de renovar nossas artes, a partir de uma permanente atualização e pesquisa estética e de ruptura com os cânones acadêmicos puristas, além da introdução de temáticas nativistas. Os modernistas buscavam ainda introduzir a linguagem coloquial, a cultura popular, a livre expressão e o modo de pensar da vida moderna.
Após a realização da Semana, São Paulo se torna o centro das idéias modernistas no Brasil. O vigoroso processo de urbanização e de industrialização da cidade e a influência da imigração italiana na época criaram uma atmosfera propícia a isso. Nesse ambiente, que se identificava plenamente com os ideais modernistas, jovens artistas e intelectuais encontram espaço para desenvolverem uma nova e progressista arte.
OUTRO TEXTO PARA COMPLEMENTAR
MODERNISMO NO BRASIL
O modernismo brasileiro foi um amplo movimento cultural que repercutiu fortemente sobre a cena artística e a sociedade brasileira na primeira metade do século XX, sobretudo no campo da literatura e das artes plásticas. O movimento no Brasil foi desencadeado a partir da assimilação de tendências culturais e artísticas lançadas pelas vanguardas europeias no período que antecedeu a Primeira Guerra Mundial, como o Cubismo e o Futurismo.[1] As novas linguagens modernas colocadas pelos movimentos artísticos e literários europeus foram aos poucos assimiladas pelo contexto artístico brasileiro, mas colocando como enfoque elementos da cultura brasileira. Considera-se a Semana de Arte Moderna, realizada em São Paulo, em 1922, como ponto de partida do modernismo no Brasil. Porém, nem todos os participantes desse evento eram modernistas: Graça Aranha, um pré-modernista, por exemplo, foi um dos oradores. Não sendo dominante desde o início, o modernismo, com o tempo, suplantou os anteriores. Foi marcado, sobretudo, pela liberdade de estilo e aproximação com a linguagem falada, sendo os da primeira fase mais radicais em relação a esse marco. Didaticamente, divide-se o Modernismo em três fases: a primeira fase, mais radical e fortemente oposta a tudo que foi anterior, cheia de irreverência e escândalo; uma segunda mais amena, que formou grandes romancistas e poetas; e uma terceira, também chamada Pós-Modernismo por vários autores, que se opunha de certo modo a primeira e era por isso ridicularizada com o apelido de neoparnasianismo.
O seu sentido verdadeiramente específico. Porque, embora lançados inúmeros processos e ideias novas, o movimento modernista foi essencialmente destruidor.`` A Primeira Fase do Modernismo foi caracterizada pela tentativa de definir e marcar posições, sendo ela rica em manifestos e revistas de circulação efêmera. Foi o período mais radical do movimento modernista, justamente em consequência da necessidade de romper com todas as estruturas do passado. Daí o caráter anárquico dessa primeira fase modernista e seu forte sentido destruidor, assim definido por Mário de Andrade:´´...se alastrou pelo Brasil o espírito destruidor do movimento modernista.[1] Isto é teatro é uma experiência eficaz para o futebol.
Havia a busca pelo moderno, original e polêmico, com o nacionalismo em suas múltiplas facetas. A volta das origens, através da valorização do indígena e a língua falada pelo povo, também foram abordados. Contudo, o nacionalismo foi empregado de duas formas distintas: a crítica, alinhado a esquerda política através da denúncia da realidade, e a ufanista, exagerado e de extrema direita. Devido à necessidade de definições e de rompimento com todas as estruturas do passado foi a fase mais radical, assumindo um caráter anárquico e destruidor. Um mês depois da Semana de Arte Moderna, o Brasil vivia dois momentos de grande importância política: as eleições presidenciais e o congresso de fundação do Partido Comunista em Niterói. Em 1926, surge o Partido Democrático, sendo Mário de Andrade um de seus fundadores. A Ação Integralista Brasileira, movimento nacionalista radical, também vai ser fundado, em 1932, por Plínio Salgado.
Recebe este nome do termo usado para designar a buzina externa dos automóveis. Primeiro periódico modernista, é uma das consequência das agitações em torno da Semana de Arte Moderna. Inovadora em todos os sentidos: gráfico, existência de publicidade, oposição entre o velho e o novo.
Manifesto da Poesia Pau-Brasil (1924-1925)
Escrito por Oswald e publicado inicialmente no Correio da Manhã. Em 1924, é republicado como abertura do livro de poesias Pau-Brasil, de Oswald. Apresenta uma proposta de literatura vinculada à realidade brasileira, a partir de uma redescoberta do Brasil. Este manifesto dizia que a arte brasileira deveria ser de "exportação" assim como o Pau-Brasil.[1]
Verde-Amarelismo ou Escola da Anta (1926-1929)
Grupo formado por Plínio Salgado, Menotti del Picchia, Guilherme de Almeida e Cassiano Ricardo em resposta ao nacionalismo do Pau-Brasil, criticando-se o “nacionalismo afrancesado” de Oswald.[1] Sua proposta era de um nacionalismo primitivista, ufanista, identificado com o fascismo, evoluindo para o Integralismo. Idolatria do tupi e a anta é eleita símbolo nacional. Em maio de 1929, o grupo verde-amarelista publica o manifesto "Nhengaçu Verde-Amarelo — Manifesto do Verde-Amarelismo ou da Escola da Anta".
Manifesto Regionalista de 1926
1925 a 1930 é um período marcado pela difusão do Modernismo pelos estados brasileiros. Nesse sentido, o Centro Regionalista do Nordeste (Recife).Presidido por Gilberto Freire busca desenvolver o sentimento de unidade do Nordeste nos novos moldes modernistas. Propõem trabalhar em favor dos interesses da região, além de promover conferências, exposições de arte, congressos etc. Para tanto, editaram uma revista. Vale ressaltar que o regionalismo nordestino conta com Graciliano Ramos, Alfredo Pirucha, José Lins do Rego, José Américo de Almeida, Rachel de Queiroz, Jorge Amado e João Cabral, em 1926.
Revista de Antropofagia (1928-1929)
É a nova etapa do Pau-Brasil, sendo resposta a Escola da Anta. Seu nome origina-se da tela Abaporu (O que come) de Tarsila do Amaral.
O Antropofagismo foi caracterizado pela assimilação (“deglutição”) crítica às vanguardas e culturas europeias, com o fim de recriá-las, tendo em vista o redescobrimento do Brasil em sua autenticidade primitiva. Contou com duas fases, sendo a primeira com dez números (1928 – 1929), sob direção de Antônio Alcântara Machado e gerência de Raul Bopp, e a segunda publicada semanalmente em 16 números no jornal Diário do Rio de Janeiro em 1929, tendo como secretário Geraldo Ferraz.
Primeira fase
Iniciado pelo polêmico manifesto de Oswald, conta com Antônio de Alcântara Machado, Mário de Andrade (com a publicação de um capítulo de Macunaíma em seu 2º número), Carlos Drummond (3º número, publicou a poesia No meio do caminho); além de desenhos de Tarsila, artigos em favor da língua tupi de Plínio Salgado e poesias de Guilherme de Almeida.
Segunda geração (1930-1945)
Vinícius de Moraes
Estendendo-se de 1930 a 1945, a segunda fase foi rica na produção poética e, também, na prosa. O universo temático amplia-se com a preocupação dos artistas com o destino do Homem e no estar-no-mundo. Ao contrário da sua antecessora, foi construtiva.
Não sendo uma sucessão brusca, as poesias das gerações de 22 e 30 foram contemporâneas. A maioria dos poetas de 30 absorveram experiências de 22, como a liberdade temática, o gosto da expressão atualizada ou inventiva, o verso livre e o antiacademicismo. Portanto, ela não precisou ser tão combativa quanto a de 22, devido ao encontro de uma linguagem poética modernista já estruturada. Passara, então, a aprimorá-la, prosseguindo a tarefa de purificação de meios e formas direcionando e ampliando a temática da inquietação filosófica e religiosa, com Vinícius de Moraes, Jorge de Lima, Augusto Frederico Schmidt, Murilo Mendes, Carlos Drummond de Andrade, Cecília Meireles.
A prosa, por sua vez, alargava a sua área de interesse ao incluir preocupações novas de ordem política, social, econômica, humana e espiritual. A piada foi sucedida pela gravidade de espírito, a seriedade da alma, propósitos e meios. Essa geração foi grave, assumindo uma postura séria em relação ao mundo, por cujas dores, considerava-se responsável.Também caracterizou o romance dessa época, o encontro do autor com seu povo, havendo uma busca do homem brasileiro em diversas regiões, tornando o regionalismo importante. A Bagaceira, de José Américo de Almeida, foi o primeiro romance nordestino. Rachel de Queiroz, Jorge Amado, José Lins do Rego, Érico Veríssimo, Graciliano Ramos e outros escritores criaram um estilo novo, completamente moderno, totalmente liberto da linguagem tradicional, nos quais puderam incorporar a real linguagem regional, as gírias locais. O humor quase piadístico de Drummond receberia influências de Mário e Oswald de Andrade. Vinícius, Cecília, Jorge de Lima e Murilo Mendes apresentaram certo espiritualismo que vinha do livro de Mário Há uma Gota de Sangue em Cada Poema (1917).
A consciência crítica estava presente, e mais do que tudo, os escritores da segunda geração consolidaram em suas obras questões sociais bastante graves: a desigualdade social, a vida cruel dos retirantes, os resquícios de escravidão, o coronelismo, apoiado na posse das terras - todos problemas sociopolíticos que se sobreporiam ao lado pitoresco das várias regiões retratadas.
Terceira geração (1945-1980)
Com a transformação do cenário sócio-político do Brasil, a literatura também transformou-se:O fim da Era Vargas, a ascensão e queda do Populismo, a Ditadura Militar, e o contexto da Guerra Fria, foram, portanto, de grande influência na Terceira Fase. Na prosa, tanto no romance quanto no conto, houve a busca de uma literatura intimista, de sondagem psicológica e introspectiva, tendo como destaque Clarice Lispector. O regionalismo, ao mesmo tempo, ganha uma nova dimensão com a recriação dos costumes e da fala sertaneja com Guimarães Rosa, penetrando fundo na psicologia do jagunço do Brasil central. A pesquisa da linguagem foi um traço caraterísticos dos autores citados, sendo eles chamados de instrumentalistas.
A geração de 45 surge com poetas opositores das conquistas e inovações modernistas de 22, o que faz com que, na concepção de muitos estudiosos(como Tristão de Athayde e Ivan Junqueira), esta geração seja tratada como pós-modernista.
A nova proposta, inicialmente, é defendida pela revista Orfeu em 1947. Negando a liberdade formal, as ironias, as sátiras e outras características modernistas, os poetas de 45 buscaram uma poesia mais “equilibrada e séria”.[4] No início dos anos 40, surgem dois poetas singulares, não filiados esteticamente a nenhuma tendência: João Cabral de Melo Neto e Lêdo Ivo. Estes considerados por muitos os mais importantes representantes da geração de 1945.
A nova proposta, inicialmente, é defendida pela revista Orfeu em 1947. Negando a liberdade formal, as ironias, as sátiras e outras características modernistas, os poetas de 45 buscaram uma poesia mais “equilibrada e séria”.[4] No início dos anos 40, surgem dois poetas singulares, não filiados esteticamente a nenhuma tendência: João Cabral de Melo Neto e Lêdo Ivo. Estes considerados por muitos os mais importantes representantes da geração de 1945.
Fontes: Sílvio Anaz
http://soslportuguesa.blogspot.com.br/2012/11/o-modernismo-1922.html
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Material da professora Simone
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