Livros vestibular 2017 - UFSC

O fio da memória -  Conceição Evaristo

Na obra ‘Olhos d’água’Conceição Evaristo,  escritora mineira,  reúne narrativas que abordam conflitos sociais históricos e contemporâneos que não podem mais ser menosprezados

Um livro para chorar? Sim, mas não de alegria. As narrativas entremeiam a difícil questão de existir e ser diferente, viver num espaço marginalizado, no qual a mulher negra assume o papel central na luta pela vida e dignidade, nem sempre alcançadas.

O livro "Olhos D' água", foi publicado em 2014 e é constituído de 15 contos, muitos já publicados nos "Cadernos Negros". Nesse novo trabalho, vemos as personagens que permeiam um cenário cotidiano da comunidade negra/afro-brasileira urbana. Assim como Lima Barreto, a escritora Conceição Evaristo, dá vida a personagens que beiram o absurdo da discriminação e exclusão social, trazendo na literatura uma voz que é esquecida na história desde sempre em sua obra.

O enredo dos fatos cotidianos não ofusca a qualidade da escritura, mas sim confere a literatura o tom da vida, a fusão do texto-vivo, entretanto não a vida rosa e mascarada dos bailes livrescos de uma "Moreninha", mas a violência urbana, a violência gritante e silenciada da periferia. Veja abaixo a descrição da obra feita pela editora:

Olhos d água

Em Olhos d’água Conceição Evaristo ajusta o foco de seu interesse na população afro-brasileira abordando, sem meias palavras, a pobreza e a violência urbana que a acometem.
Sem sentimentalismos, mas sempre incorporando a tessitura poética à ficção, seus contos apresentam uma significativa galeria de mulheres: Ana Davenga, a mendiga Duzu-Querença, Natalina, Luamanda, Cida, a menina Zaíta. Ou serão todas a mesma mulher, captada e recriada no caleidoscópio da literatura em variados instantâneos da vida?Elas diferem em idade e em conjunturas de experiências, mas compartilham da mesma vida de ferro, equilibrando-se na “frágil vara” que, lemos no conto “O Cooper de Cida”, é a “corda bamba do tempo”.
Em Olhos d’água estão presentes mães, muitas mães. E também filhas, avós, amantes, homens e mulheres – todos evocados em seus vínculos e dilemas sociais, sexuais, existenciais, numa pluralidade e vulnerabilidade que constituem a humana condição. Sem quaisquer idealizações, são aqui recriadas com firmeza e talento as duras condições enfrentadas pela comunidade afro-brasileira.
Conceição Evaristo é mestra em Literatura Brasileira pela PUC-Rio, e doutora em Literatura Comparada pela Universidade Federal Fluminense. Suas obras, em especial o romance Ponciá Vicêncio, de 2003, abordam temas como a discriminação racial de gênero e de classe. A obra foi traduzida para o inglês e publicada nos Estados Unidos em 2007.


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