LIVROS DA UFSC PARA O VESTIBULAR 2017

- PODER FEMININO-

       Analisando as obras escolhidas para o vestibular 2017 da UFSC, pode-se perceber, ao contrário do que se quer fazer crer, o quanto a educação tem estado atenta ao caos político e social que se instaura no Brasil desde sempre.

        Saindo dos clássicos, com seus personagens brancos e burgueses, os tipos retratados pela Literatura Contemporânea, pela Literatura Modernista e por Machado de Assis na transição política para o Brasil República, refletem uma série de conflitos: individuais, sociais, de consciência ou de nação.

          Num tempo marcado pelo irracionalismo da paixão política como o que se está vivendo, nada mais democrático do que levar jovens pretendentes ao nível superior a pensar. Tarefa, diga-se, bastante árdua, uma vez que por mais informação que os mesmos possam ter, a tendência é como disse a música "...ainda somos os mesmos e vivemos como nossos pais", a geração que não sai da casa dos pais, e que luta por shortinhos.  Entretanto, o assunto hoje é Mulheres e seu olhar sobre a realidade e o tempo no qual estão inseridas.

               Tempos quentes viveu certamente Ana Cristina Cesar, em pleno regime militar, onde a preocupação com a necessidade de impedir as pessoas de pensar, não impediu os poetas de escrever, a Geração Mimeógrafo, espalhou suas ideias que vivem latentes para alguns e precisam ser despertas em outros. Por isso a escolha de "Poética",   obra da poesia marginal que nasceu na década de 70, conjuga prosa e poesia, o pop e a alta literatura, o íntimo e o universal, a mulher moderna,  capaz de falar de sexo, do seu corpo, um tapa na cara dos atuais manifestantes que condenam o feminismo pelo famigerado codinome feminazi.

                   Na onda das escritoras, e para o desespero dos que odeiam Simone de Beauvoir, temos ainda a freira-escritora, ganhadora do Prêmio Jabuti, 2015, Maria Valéria Rezende, com a obra "Quarenta Dias", trazendo a tona a mulher abandonada, tirada de seu habitat comum, forte e enlouquecida na busca, na luta, por encontrar um garoto desaparecido e porque não, de encontrar sentido a loucura desta vida.

             Não bastasse as maravilhosas mulheres acima, temos a fantástica Conceição Evaristo, e sua obra "Olhos D'água", com suas personagens fortes, negras e marginalizadas. Um livro forte, que literalmente nos enche os olhos de lágrimas por conta de toda a dor do preconceito, da pobreza e da sobrevivência. 

                  Fechando o ciclo feminino de obras do vestibular da UFSC 2017, temos Elvira Vigna, com seu maravilhoso graphic novel "Victória Valentina", a improvável narrativa não-burguesa, que traz protagonistas capazes de abalar os mais afoitos defensores da família tradicional brasileira ( não leiam, puritanos!), com Nando, negro, gay e motoboy e Carla, professora e babá, que se vira para ganhar uns trocados. Certamente é uma leitura para "desinfantilizar" os adolescentes guardados a sete chaves das cruezas deste mundo.

Professora  Simone Spiess Bernardi
Mestranda na UNIOESTE, Cascavel, Paraná
                        
                 

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